"Campo Mourão é uma ´Fábrica de pessoas amigas´ foi uma cidade que me marcou muito e onde vivi maravilhosos momentos." A afirmação é do atleta, professor e mestre Nelson Rodrigues, o "Nelsinho do Handebol", que fez época no atletismo e handebol mourãoense nos anos 70. Dono de mais de 400 medalhas em várias modalidades (atletismo, voleibol, basquete, futsal, futebol, tênis de mesa e Handebol) e de vários títulos como o de Campeão Brasileiro Universitário em 1979 jogando pelo Paraná, Nelsinho é o homenageado na ENTREVISTA DE DOMINGO.
Ele conta façanhas e histórias, e em mais de 50 imagens, lembra com saudade de muitos momentos passados com mourãoenses. "Temos que ter uma política definida do esporte, cultivar a cultura do esporte na sociedade como modo de vida e não modismo de vida, enfim oportunizar novos meios, dirigentes com mente aberta, novos conceitos; Precisa-se no Brasil de criar a Cultura do esporte e não do modismo", diz.
Parabéns professor Nelson Rodrigues, uma homenagem a você e a todos que deram sua contribuição na história do handebol da nossa terra, na semana em que acontece a Noite de Gala do Handebol Mourãoense, em 2 de maio no Clube.Uma ótima leitura.
QUEM É NELSON RODRIGUES? Sou uma pessoa
comum, simples, sempre atento, um cidadão qualificado no exercício das funções exercidas por mais de 40 anos de trabalho. Fui professor de Educação Física, técnico desportivo e administrador
educacional. Sou filho de Joaquim Rodrigues e Maria Rodrigues. Casado com Sonia Rodrigues, pai de Henrique Rodrigues. Nasci em 25 de dezembro de 1956 na cidade de Astorga, interior do Paraná. NB: imagens de Astorga, para matar as saudades.
ONDE E COMO FOI A SUA INFÂNCIA?Praticamente me vi crescer em Nova Esperança, norte do Paraná, desde 02 anos de idade. Por ser caçula, brincava sempre sozinho, mesmo quando tinha uma bola nas mãos ou nos pés, criava o meu mundo de sonhos no quintal de casa, não tive amigos na infância. Meu pai sempre quando chegava para o almoço batia uma bolinha comigo e nos finais de semana o estádio de futebol era programa sagrado. Por outro lado tive uma formação educacional das mais rígidas, aos 12 anos já
trabalhava no comercio da cidade, até que mais tarde quando iniciei no esporte estudantil,cursava o antigo Ginásio, passeia dedicar as atividades esportivas e consequentemente vieram os amigos, muitos deles até hoje nos relacionamos como verdadeiros irmãos...

QUE HISTÓRIAS OU FATOS LEMBRA? Muitos fatos relevantes na juventude, na adolescência, desde o primeiro carnaval, os bailes, os movimentos que não
podíamos partilhar (havia muito receio e medo na época, pelo momento que o país atravessava em face da ditadura militar). No Handebol nessa época ainda com 14 a 15 anos, me marcou por ter sido convocado para a seleção Estadual estudantil a participar dos JEB´s m Maceió, no sesquicentenário da independência do Brasil. Eu era o mais novo e que saudades bateu de casa. A história diz que foi a primeira seleção oficial de handebol formada no Paraná. Como aprendemos, saímos invicto - kkkk , um empate e uma vitória por Wx0 e só derrotas. Para se ter uma ideia nem camisa de handebol tínhamos, vestimos o fardamento do Voleibol.
Outro fato marcante foi concluir o Curso de Educação Física, primeiro indo diariamente de Nova Esperança a Maringá e posteriormente de Campo Mourão a Maringá – Quantas lembranças da Kombi do “gordinho da Beccari”, com o Gilmar na “boleia”. Saíamos de madrugada para Maringá e só chegávamos após as 13 horas em Campo Mourão. A grana -kkk-, era curta, quando chegava em Maringá dava só para tomar o café somente quando o gordo da Cantina da UEM nos oferecia um pão com manteiga "grátis" - sempre ele dava um jeito. e ainda tirava uma soneca na Kombi nas aulas vagas para suportar o restante do dia....
QUANDO CHEGOU A CAMPO MOURÃO? Fui conhecer Campo Mourão para uma disputa nos Jogos abertos do Oeste e acabei ficando. O Projeto apresentado pelo professor Piazza e Sr Schen (Alcir da Costa Schen) através do Prefeito Dr. Renato Fernandes Silva foi fantástico. Campo Mourão seria sede dos Jogos Abertos.
Tinha grandes amigos. O Idê (professor Idevalci Ferreira Maia) estava chegando, o Gilmar e Antenor, amigos da UEM e eu já não queria mais ficar em Maringá ou Nova Esperança.
Era uma oportunidade de iniciar um trabalho, levar adiante o que estávamos aprendendo. Então em 1975 já vestia a camisa de Campo Mourão nos JAP´s em Paranavaí. Fiquei até janeiro de 2009, tive o prazer de
anos mais tarde em 1987, quando integrava a direção da Secretaria Especial do Esportes, ser o diretor técnico frente a direção geral dos JAP´s em sua segunda edição realizada em Campo Mourão. Foi uma realização pessoal das mais felizes e gratificantes. Foi outra contribuição memorável.
Antes de fixar residência em Curitiba no ano de 1985, tive o prazer de trabalhar em Goioerê ainda como técnico e professor. Encerrei como atleta aos 22 anos de idade.
O QUE FAZ ATUALMENTE? Estou em São Paulo, administrando a carreira de um atleta Olímpico da
natação– Henrique Rodrigues – meu filho. Tenho negócios em Curitiba também, então vivo entre as duas capitais, quando consigo conciliar uma viagem e outra acompanhando a natação nacional dentro e fora do país.
COMO FOI E ONDE SUA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL? Fui técnico de Atletismo, de handebol e também professor de Educação Física em Campo Mourão. Aos 16 anos já trabalhava como assistente esportivo. Guardo com muito carinho o Colégio Santa Cruz, quando fui professor de Educação Física da instituição em 1976 a 78. Também lecionei no Colégio Estadual João de Oliveira Gomes, o estadual de Piquirivai, Luiziânia e Farol. Tive a satisfação, ter sido campeão brasileiro universitário como técnico da seleção paranaense em 1989 na Paraíba, fato inédito até então... Em Curitiba continuei por algum tempo
como treinador de handebol. Atuando no esporte, mas na administração, atuei muito tempo na Secretaria de Esportes (antes Cultura e Esporte, posteriormente Especial do Esporte e Paraná Esportes) e também na SEED.
O QUE FEZ NO SEU TRABALHO QUE NÃO FARIA DE NOVO? Fui um treinador muito rígido, principalmente em Campo Mourão, talvez acima dos limites para a época, hoje certamente seria mais ameno (rsrrs) com as minhas atletas que tanto me orgulham.
COMO ENTROU O ESPORTE E O HANDEBOL EM SUA VIDA? Meu padrinho em todos os sentidos. Prof João Marim Mechia. Este conseguiu me tirar de casa, para colocar nas quadras e meios esportivos. Foi complicado, mas era o início desta modalidade no estado, então fomos “ cobaias” deste esporte maravilhoso. Jogava futsal, futebol de campo, mas o desporto com as mãos, como o basquete e voleibol também precisavam de atletas para os jogos colegiais na época... Então fomos também atuar e acabei levando jeito pelo handebol e fiquei até um dia me despedir.
QUAIS, ENTRE TANTAS, SÃO EXPERIÊNCIAS QUE NÃO SAEM DA MEMORIA? Ter sido convocado para uma seleção nacional de handebol. Fui na época o representante de Campo Mourão naquela seleção.Foi o máximo para mim e todos nós que praticávamos handebol no interior do estado. Em 1976. A maior experiência como treinador foi em Campo Mourão, na formação da equipe feminina em 1977 e 1978. Foi gratificante, acredito que tenha sido meu melhor e primeiro trabalho técnico como treinador, mas que me
deixou uma dor no peito, por não ter dado continuidade nos anos seguintes, quando tive que deixar Campo Mourão, por motivos alheios a minha vontade. Por outro lado me senti orgulhoso ao comemorar junto com as meninas e ao competentíssimo Gilmar Fuzeto o título de Campeão dos JAP´s em Toledo.
COMO ENTROU PARA A QUADRA E SALA DE AULA? QUEM FOI O CULPADO? Como disse anteriormente, o professor João Marin Mechia, meu primeiro professor de Educação Física no colégio foi o responsável. Meu irmão Paulo Antonio foi outro incentivador que atuava nos bastidores ao lado do Marin.
QUAL O ESPORTE PREFERIDO, ÍDOLO E
TIME? Na primeira infância, o futebol era o preferido, tenho uma preferência pelo Coritiba. Amei demais o Handebol, curto muito a natação e adoro o automobilismo. Enfim, meu grande ídolo já se foi... Era Ayrton Senna.
COMO ANALISA O ESPORTE ATUAL E O
HANDEBOL NO BRASIL E EM CM? Infelizmente não se faz o esporte simplesmente por amor como fazíamos, tudo se profissionalizou e com isso, tudo é tratado como oportunidades, como negócio e em nosso país cada vez ficamos a mercê de jogos de interesse, o que me deixa a todo o momento mais crítico e decepcionado.
Quanto ao Handebol não foge da mesma ótica. Temos
que ter uma política definida do esporte, cultivar a cultura do esporte na sociedade como modo de vida e não modismo de vida, enfim oportunizar novos meios, dirigentes com mente aberta, novos conceitos administrativos para concretizar o desenvolvimento e crescimento em todos os segmentos da sociedade. Estamos anos luz atrasados neste sentido.
Em Campo Mourão, como na maioria das cidades médias brasileiras, vivemos com dificuldades, salvo iniciativas isoladas e bem estruturadas que hoje existe em Campo Mourão, mas a dependência de recursos do poder público e de algumas iniciativas de empresas e abnegados ainda é muito pouco para esta solidificação do Handebol e do esporte em geral. Precisa-se no Brasil de criar a Cultura do esporte e não do modismo.
QUEM EM CM É UM ATLETA DE HANDEBOL EXEMPLO NA HISTÓRIA? Não poderia apenas citar um atleta, seria injusto. Todos os que estarão neste encontro (Noite de Gala do Handebol em 2 de maio no Clube 10) são exemplos de história para novas gerações. Alguns mais antigos, pioneiros, outros mais recentes, enfim, todos contribuíram para este 40 anos de história.

O MOMENTO ATUAL DA SUA VIDA É..... Bem diferente do princípio, hoje vivo o presente compartilhado com os meus, procurando curtir o que plantei ao longo da vida.
QUAL O MELHOR TIME DE HANDEBOL QUE JÁ VIU JOGAR? E QUE JÁ JOGOU? Vi e joguei em várias equipes e seleções, mas aquela equipe de Santa Maria (RS) na década de 80 era fantástica, encantava a todos. Tive também o prazer de dirigir uma das melhores seleções de todos os tempos do Paraná em 1979 nos JUB´s na Paraíba, só tinha fera. Poderia citar a equipe de Goioerê campeã em 80, de Nova Esperança em 74, de Maringá Universitária em 75/76, seleção do Paraná em 78, Positivo em 88.

QUANTOS TÍTULOS NA CARREIRA E QUAIS O MAIS IMPORTANTES? São mais de 400 medalhas em várias modalidades (atletismo, voleibol, basquete, futsal, futebol, tênis de mesa e Handebol). O mais importante foi o de Campeão Brasileiro universitário em 1979 pelo Paraná.
CITE TRÊS PERSONALIDADES ESPORTIVAS EM CAMPO MOURÃO. Paulo Gilmar Fuzetto, Itamar Tagliari e Idevalci Ferreira Maia.Abaixo, Gilmar com a camisa 7 e Itamar com a 1 na cancha Itacy Tagliari, na década de 70 em Campo Mourão.

MÚSICA? Detalhes de Roberto Carlos. Sou romântico.
SAUDADE? Dos melhores tempos de minha vida que passei em minha juventude em Campo Mourão. Pena que não volta mais.
40 ANOS DE HISTÓRIA NO HANDEBOL DE CM É... Uma satisfação e realização pessoal. Tenho por Campo Mourão o carinho especial, onde fiz meu primeiro trabalho. Sinto orgulho de poder dizer que fiz e faço parte deses 40 anos de Handebol.
FRUSTRAÇÃO? Não ter vencido os jogos abertos por Campo Mourão no Handebol, venci apenas no atletismo.
FAMÍLIA É..... Tudo de um ser humano, apoio, amizade, compreensão. É o sustentáculo para as adversidades e também para as realizações. Minha esposa, meu filho são tudo pra mim.
A CAMPO MOURÃO DO PRESENTE É O celeiro de sempre. De Campo Mourão para o mundo em todas as áreas e setores da sociedade. A cidade, o povo, enfim, sempre acolhedora. A terra do famoso “Carneiro no Buraco”.
A CAMPO MOURÃO DO FUTURO..... Pensar grande sempre foi o lema de Campo Mourão, desde os tempos que chamávamos de “Centro do progresso” . Campo Mourão cresceu e continua na esteira do desenvolvimento entre as que mais se desenvolve no estado. Nota do Editor do Blog: Na imagem capa do livro escrito pelo saudoso Pedro da Veiga, a qual reputo como a obra mais completa de todos os tempos sobre a história de Campo Mourão em vários segmentos.



QUAL PERGUNTA QUE NÃO FIZ QUE GOSTARIA DE TER RESPONDIDO? Nenhuma, muito obrigado pela oportunidade. Sempre estarei a disposição.